Inevitavelmente, todos passamos por fases em que tudo nos cai em cima, as muralhas desmoronam, o chão desaba e ficamos rodeados por um buraco negro prontinho a engolir-nos. Nestas alturas, ficamos assentes apenas numa porçãozinha de terra que nos aguenta e não nos deixa cair. Torna-se o nosso suporte, o nosso abrigo. Começamos a viver em sua função.
- É nessa porçãozinha de terra que deixamos cair as nossas lágrimas e ‘despejamos’ os nossos desabafos.
- É essa porçãozinha de terra que nos abana e embala.
- É nessa porçãozinha de terra que (re)aprendemos a sorrir e a dar as maiores gargalhadas.
Passa a ser o nosso porto-seguro. Começamos a fundir-nos até sermos parte da porçãozinha de terra e ela ser parte de nós.
Aos poucos esquecemos o buraco negro que nos rodeia e limitamos a nossa atenção a esta (grande) porçãozinha de terra. E quando damos por nós, as muralhas estão de novo em pé, o chão está de volta e o buraco negro desapareceu. Temos a chance de voltar ao Mundo, que em tempos, tanto nos custou perder. Aí, a escolha é pessoal. E pessoalmente, apesar de morrer de saudades do Mundo, quando ele regressar vou-me limitar a visitá-lo, sem nunca me afastar dos limites da porçãozinha de terra e sabendo que no fim de cada visita é para lá que vou voltar. Isto, porque sei que quando as muralhas voltarem a desmoronar, o chão voltar a desabar e o buraco negro reaparecer, mais uma vez será A porçãozinha de terra que me vai servir de suporte e não me deixará cair.
Mas claro, pode(s) ser apenas sorte minha.
“Porque é que usamos sempre estas comparações estúpidas?’’ , isso não sei, mas duma coisa tenho certeza, tu não tens comparação.
gosto (especialmente) imenso de ti