Já não é a primeira vez (e provavelmente não será a última), que tu vens ter comigo e eu te deixo entrar. De todas as vezes deixo o meu orgulho de lado e recebo-te de braços abertos e com a maior das hospitalidades. Penso
sempre que dessa vez vens pra ficar, que ganhaste consciência de que é aqui que pertences e que vens ocupar o lugar que abandonaste e deixaste vazio (diversas vezes). Mas engano-me sempre, ou melhor dizendo, deixo sempre que me enganes. A verdade é que te ficas sempre por uma visita rápida, que acaba numa ida mais rápida ainda para o teu mundo, do qual nem
eu nem
nós fazemos parte.
E a verdade é que nunca páras de magoar. Magoas quando vais embora porque não estás,e magoas quando vens porque sei (sempre) que vais deixar de estar. E sabes o que mais me revolta? É que o coração que magoas, é o mesmo que
sempre te acolheu, que
nunca desistiu e que
sempre lutou por ti.
No fundo nunca és tu quem me ampara na queda, quem ouve os meus gritos de sofrimento ou quem seca cada lágrima que cai. Porque no fundo tu és apenas o causador de tudo isso.
E agora vou dormir. Toda esta situação de reviravoltas cansou-me, e tenho que repôr forças para o caso de
reapareceres e ter que passar por tudo outra vez. A minha sorte é que no fim não será, nada mais nada menos, do que apenas
mais uma de muitas.