15 novembro, 2011

para ti 40 são 0?

Nunca me arrependi de dar por ti o que dei porque, julgava eu, tu retribuias sempre. Mas agora vejo e não devia ter sido assim. Devia ter sido diferente. Não devia ter sentido contigo. Devia-me ter limitado a ser consciente e agir racionalmente. Se tivesse sido assim talvez agora não doesse, talvez agora não fizesse uma mossa tão grande e quem sabe talvez não incomodasse minimamente. Mas contigo foi sempre tudo muito sentido, muito pouco pensado e tudo muito vivido. E é por isso que agora te vais (mando-te eu ir), e me deixas assim (eu prefiro ficar). Deixas-me num quarto cheio de recordações nas paredes, nas prateleiras e gavetas. Num quarto onde ainda te vejo entrar, com uma cama onde ainda te vejo dormir, num espelho onde ainda te vejo reflectida. Deixas-me rodeada de gargalhadas tuas que ficaram perdidas entre estas quatro paredes, e de infinitas palavras que foram ditas como se de um cofre este quarto de tratasse. Deixas-me aqui, mergulhada num quarto onde ainda nos vejo em momentos, em noites, em dias, em alturas que nem nós sabiamos de que horas se tratavam. E o pior, é que agora neste quarto, enquanto ainda te vejo a baloiçar entre um canto e o outro, eu sei que vou voltar a 'deixar-te passar'. Eu deixo sempre, mesmo quando não devias ter passe para tal. Mas hoje não quero. Hoje vou dormir encostada à porta fechada do quarto, bloqueando a tua entrada e fazendo o que deve ser feito. Amanhã, logo acordo e logo volto a cair no erro, de te deixar voltar a entrar neste espaço que em tanto me pertence mas que tanto tem teu.