09 dezembro, 2011

está em nós quem perdeu

Sento-me a pensar sobre o assunto que tanto me tira o sono e que tanto nos afastou. Sento-me onde antes nos custumávamos sentar juntas e penso naquilo que terá falhado para agora estes assentos serem apenas ocupado por mim. Sento-me e fico à espera que tu apareças aqui e me digas que estavas apenas atrasada. Sento-me, sozinha, e analiso passo a passo o percurso que foi feito desde a última vez que por aqui passámos, tentando perceber onde é que demos o passo errado para hoje tudo ser tão diferente da última vez. Sento-me e sinto que em mim nada mudou. Até estou vestida como da última vez que aqui estivémos, estou com o mesmo cabelo despenteado pelo vento, com os mesmos olhos cansados da semana e com o mesmo sentimento de algo em falta em mim. Não me consigo lembrar do que me faltava da última vez, mas hoje sei perfeitamente o que me falta e é engraçado como se trata daquilo que tentava consolar-me e substituir tudo o que havia em falta. É engraçado como o que me falta é aquilo que sempre prometeu nunca faltar. É engraçado como hoje o que falta é aquilo que menos faltava quando aqui estivémos da última vez. É engraçado que o que me falta és tu, quando da última vez eras tudo o que tinha. E engraçado é saber que mesmo parecendo que me faltam imensas coisas, agora aqui sentada me apercebo que afinal só me faltas mesmo tu. Nem chega a ser uma falta assim tão grande, não é? Há faltas maiores, de maior número e de mais ausências, não é? Não, não é. Não é, porque agora que estou aqui sentada é que percebo que nem faltas em maior número me iam magoar tanto como a tua falta em número único. E enquanto estou aqui sentada, sei também que te faço falta, mesmo que nem isso me queiras admitir. Sei que também a tua vida perdeu metade quando me perdeu a mim. E sei que tu também te sentas em sitios e pensas no mesmo que eu pensei enquanto estive aqui sentada. E sabes? Aposto que as lágrimas também tentam fugir dos teus olhos como fogem dos meus. Mas lá está, tu tens a capacidade que eu nunca consegui ter. Aquela de prenderes as tuas lágrimas nos calabouços do teu ser e nunca deixares que elas fujam para o exterior. Lembraste? Era essa a capacidade que tu me querias dar quando, da última vez que aqui nos sentámos, sentia falta de outra pessoa e chorava na tua presença. Hoje gostaria muito de a ter para, ao sentir a tua falta, não chorar na tua ausência. O problema, é que nunca chegaste a conseguir ensinar-me tal coisa