Sabes ni, desde sexta que não me sais da cabeça. Tu e todos os tempos antigos, e todas as palavras ditas e perdidas, e todo o sentimento que não sei para onde foi. Queria que o amanhã chegasse e eu te gritasse ''Vem!'' e tu viesses mesmo. Já vieste mesmo sem eu chamar, certo? Ou secalhar não. Secalhar chamei-te interiormente, sem mostrar ao mundo que estava a fazer tal chamamento, sem querer mostrar a mim mesma que o estava a fazer, apenas para tu ouvires e vires. E tu vieste! Vieste e fizeste-me perceber que há muito, no meu eu profundo, eu te chamava e fazia figas para que tu viesses. E quando apareceste, sem estar à tua espera em tal serão, o meu coração congelou, fiquei sem pinga de sangue nas veias (sangue que já dividimos), e enxotei-te com a frieza da mágoa antes adquirida. Mas não te vou enxotar mais. Aliás, a próxima a ter essa oportunidade até vais ser tu, e sabes porquê? Porque agora que o coração já aqueceu, sou eu quem decide dar o braço a torcer e correr atrás. Não me enxotes sim? É que ni, eu quero mesmo dar resultado, e bom de preferência.