Há dias em que olho pela janela, e me dá uma grande vontade de fugir, de ir rumo ao horizonte que se estende à minha frente, deixar o que me prende para trás e ser, finalmente, livre dos outros. E até faço a mala, despejo tudo e não deixo nem migalhas para trás, abro a porta e dou uma passo em direcção ao mundo que desejo. Mas depois olho para trás, contemplo a casa, sinto saudades adiantadas das 4 paredes que me prendem, vejo fantasmas dos momentos ali passados, e é então que perco a coragem, volto para dentro, fecho a porta, guardo tudo nos sitios habituais e volto para a varanda, onde me sento e percebo que, por mais que a vontade de ser livre seja muita, a vontade de deixar o meu lar é pouca.