Pequenino, cinzento, perfeito e feito de pedra. Sim, hoje encontrei o ‘teu’ coração. Aquele que há uns tempos me ofereceste. Já nem me lembrava que o tinha mas achei-o muito bem guardado. Esqueci-me dele tal como me tenho esquecido de ti, mas guardei-o melhor do que te guardei a ti. É pena. É que hoje senti a tua falta, e desejei muito que te tivesse guardado tal como merecias. E tu merecias muito pelo bastante que me deste em troca do tão pouco que te dei. Deste-me o teu coração, esse que não era nem pequeno nem de pedra nem cinzento como aquele que encontrei hoje, mas sim perfeito e enorme e livre para mim. E hoje senti falta desse teu coração. Da tua atenção. Do teu carinho. Do teu querer-me tanto. Do teu acolher. Do teu olhar apaixonado. Da tua simples presença. E de ti. E quis muito ligar-te, correr para ti à espera que me apanhasses, estar contigo, rir e chatear, aturar-te e sentir-te. Mas não o fiz. Porque eu mais uma vez não te poderia entregar o meu coração devido a estar cheio de quem talvez não mereça tanto como tu. E sei que mais uma vez estarias disposto a dar-me tudo e a entregar-me o teu, e isso não seria justo. Por isso olha, fico aqui com este pequenino e cinzento coração de pedra, que nunca chegará a ser tão perfeito como o teu já foi um dia para mim.
P.S: eu sei que percebes, sempre me percebeste muito bem